Após quase rebaixamento, Inter afunda em crise política que atrapalha busca por técnico
Alessandro Barcellos atravessa, neste momento, a mais severa crise de sua gestão à frente do Inter. O desgaste não se limita aos resultados esportivos, embora eles tenham sido decisivos para agravar o cenário. Em campo, o time fracassou reiteradamente, principalmente no segundo semestre, e só não terminou rebaixado à Série B por detalhes, um desfecho que expôs erros de planejamento, escolhas equivocadas e incapacidade de reação. Fora dele, a crise não é menos profunda.
A base política que sustentou Barcellos desde a sua segunda eleição, há dois anos, dá claros sinais de esfarelamento. Dirigentes deixaram cargos, grupos políticos se afastaram e antigos aliados passaram a adotar postura crítica, quando não abertamente oposicionista. O ambiente interno tornou-se instável, com disputas que antes eram contidas nos bastidores, ampliando a sensação de fragilidade do comando do clube.
Depois que o Inter escapou do rebaixamento, Barcellos deixou claro que abriria espaço dentro da diretoria para tentar atrair outros grupos políticos para dentro da gestão. Algumas conversas ocorreram nos últimos dias, mas nenhum grupo relevante aceitou embarcar na gestão colorada há um ano da eleição que vai escolher o novo presidente do clube. As tratativas seguem, com poucas esperanças de obter algum resultado.
Na tentativa de reconstruir pontes e buscar respaldo, Barcellos recorreu aos ex-presidentes. Na semana passada, reuniu Pedro Paulo Záchia, Giovanni Luigi, Marcelo Medeiros e Fernando Carvalho em um encontro que tinha como objetivo demonstrar unidade institucional e obter apoio em um momento delicado. O resultado, porém, foi o oposto do esperado. A reunião teve repercussão negativa e não foi bem recebida nem mesmo entre alguns dos ex-mandatários, reforçando a percepção de isolamento político do atual de Barcellos.
Como se não bastasse, o dirigente ainda pode enfrentar um processo de impedimento. Um associado iniciou a coleta de assinaturas para protocolar um pedido formal de afastamento, amparado no estatuto do clube. A iniciativa ganhou tração ao reunir quase cinco mil assinaturas em poucos dias e adiciona um novo elemento de pressão sobre uma gestão já acuada.
BUSCA POR TÉCNICO
A instabilidade política acaba atrasando o processo de reforma do departamento de futebol. O Inter, por meio do coordenador técnico Abel Braga, fez um convite para Tite assumir o comando da equipe, mas o técnico também interessa ao Cruzeiro. Eduardo Dominguez, técnico que acaba de ser campeão argentino com o Estudiantes, é um dos nomes estrangeiros avaliados. Ele esteve próximo de ser contratado em 2022, quando os dirigentes colorados optaram por Alexander Cacique Medina. Além disso, o clube avalia Outras alternativas são Odair Hellmann, que tem contrato como Athletico-PR, e o argentino Martín Palermo, recém-saído do Fortaleza, que também interessa ao Remo.
Fonte: CP