Como a Venezuela tenta mostrar força diante dos Estados Unidos
A Venezuela busca demonstrar força militar em resposta ao envio de navios dos Estados Unidos ao Caribe. O governo de Nicolás Maduro tem promovido o treinamento de civis, a convocação de reservistas e exercícios de guerra para mostrar que não teme uma possível “invasão” americana. No entanto, analistas militares e políticos consideram a mobilização uma operação de propaganda, já que a capacidade de combate das Forças Armadas venezuelanas está comprometida por anos de crise econômica.
Os oito navios de guerra enviados por Washington, com a justificativa de combater o narcotráfico, são vistos por Caracas como uma “ameaça militar” com o objetivo de uma “mudança de regime”.
Em resposta, o governo venezuelano realizou exercícios de 72 horas na ilha de La Orchila, com a participação de 12 navios da Marinha, 22 aeronaves, veículos anfíbios e 20 botes de pescadores, que se juntaram à Milícia, um corpo militar formado por civis.
Especialistas militares, como o analista Hernán Lugo-Galicia, afirmam que a mobilização é “pura propaganda”. Ele ressalta que reunir tantas forças em uma ilha como La Orchila a torna um alvo fácil. O major da reserva Raynell Martínez concorda, afirmando que os exercícios são “manobras de resistência”, destinadas a convencer a população de que as Forças Armadas são operacionais. Um general da reserva, que preferiu não se identificar, chamou a ação de “encenação”, um “desperdício de dinheiro e tempo”, cujo objetivo é mostrar que o governo “não tem medo”.
Relatórios recentes estimam que a Venezuela tem 123.000 soldados e 220.000 membros nas politizadas Milícias. No entanto, fontes ligadas ao mundo militar afirmam que há, na realidade, apenas cerca de 30.000 milicianos treinados e armados.
A falta de capacidade real de combate das forças venezuelanas, somada ao envio de navios de guerra dos EUA e a divulgação de vídeos de treinamento por parte de ambos os países, reforça a visão de que a situação é mais uma batalha de comunicação do que uma demonstração de força militar.
Fonte: CP