Chile terá 2º turno com candidatos que receberam menos de 30% dos votos
Santiago — Os candidatos da extrema-direita, José Antonio Kast, e da esquerda, Gabriel Boric, vão disputar o segundo turno das eleições presidenciais no Chile, marcado para 19 de dezembro. Com 97,96% das urnas apuradas na madrugada desta 2ª feira (22.nov), Kast liderava a disputa pelo Palácio de La Moneda, tendo recebido 27,93% dos votos válidos, seguido por Boric, que recebeu 25,77%.
Kast, 55 anos, é advogado e já se declarou fã do presidente brasileiro Jair Bolsonaro e do ex-presidente norte-americano Donald Trump. Já Boric, 35, é um ex-líder estudantil que chegou ao Congresso chileno, elegendo-se deputado.
Entre os outros cinco candidatos que disputavam as eleições realizadas no domingo (21.nov), Franco Parisi teve o melhor desempenho, com 12,86%. Sebastian Sichel ficou na quarta colocação, com 12,72%.
Após a confirmação do segundo turno, Kast — que tem a segurança pública entre as bandeiras — disse que os resultados mostram que a “maioria dos chilenos e chilenas querem um país seguro”.
Boric, que sai em desvantagem para o segundo turno, reconheceu a dificuldade, mas disse crer na vitória. O atual presidente, Sebastián Piñera, que não disputou a reeleição, parabenizou os dois e pediu que eles encontrem um “caminho do diálogo”.
O índice de votos conquistado pelo candidato de extrema-direita é o menor de um vencedor de primeiro turno na história. A taxa de participação dos chilenos na eleição também foi baixa. Como o voto não é obrigatório, apenas 6.950.994 pessoas foram às urnas, segundo o Serviço Eleitoral do Chile (Servel).
O número equivale a 46,24% de um total de 15.030.963 eleitores aptos a votar. O país tem cerca de 19 milhões de habitantes.
A taxa baixa de participação pode ser explicada pela desilusão dos chilenos com a política. Antes do pleito, protestos convocavam a população a não comparecer aos colégios eleitorais. Hoje, o Chile vive um dos piores momentos econômicos de sua história e, há alguns anos, lida também com uma intensa crise social.
Em 2019, o país foi tomado por manifestações. Inicialmente, os protestos eram contra o aumento da tarifa de transporte público. Mas acabaram virando um clamor por uma nova Constituição. A que estava em vigor até então foi escrita durante o regime de Augusto Pinochet e continha leis da época da ditadura.
Com alta rejeição, o atual mandatário, Sebastián Piñera, que já havia presidido o país de 2010 a 2014, decidiu não concorrer à reeleição. Com isso, pela primeira vez em 16 anos, o Chile não será comandado por ele ou pela ex-presidente Michelle Bachelet. Piñera, aliás, correu o risco de sequer terminar o atual mandato.
Acusado de corrupção por práticas apontadas pela investigação jornalística Pandora Papers, ele teve um pedido de impeachment aprovado pela Câmara, mas o processo foi arquivado pelo Senado na semana passada.
Fonte: SBT News