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EconomiaGeral

Falta de peças para carros impacta também nas oficinas

A indústria automobilística brasileira ainda não conseguiu se recuperar da crise iniciada pela pandemia de Covid-19. A falta de chips e peças nas montadoras de carro ainda é um dos principais problemas enfrentados pelo setor. Em 2021, segundo Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), foram 2,12 milhões de autoveículos produzidos, apenas 3% acima de 2020, 250 mil unidades a menos do que a previsão inicial. Para este ano, a expectativa da Associação era que fossem produzidos 2,46 milhões de veículos, mas a prevalência da falta de peças entre outros fatores, reduziu esse número para 2,34 milhões de unidades.PauseUnmute

“A retomada do comércio marítimo ainda no final de 2020 causou uma desconjuntura no setor, por conta do alto fluxo de mercadorias, já que estava tudo parado, para normalizar demora um tempo”, analisa o Diretor de Comércio Exterior da Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande Sul (Federasul), Rodrigo Velho. Segundo ele a normalização já poderia ter acontecido não fossem outros fatores logísticos como o navio que encalhou no canal de Suez e os lockdowns nos portos chineses em março deste ano. “ O canal é a principal rota entre a Ásia e Europa, imagina o atraso dos navios que tiveram que desviar pela África, tudo isso influencia”. Mas não são somente as montadoras. As mecânicas também estão sentido a falta de peças para carros.

“Antigamente isso não acontecia, mas agora é bem comum”, comenta Hernani Conzatti, dono de uma oficina mecânica da zona norte de Porto Alegre. Durante a pandemia o negócio já havia sofrido alterações, agora com a falta de peças, ele teve que reorganizar o método de trabalho. “Quando não há peças a gente faz o reparo para que o carro continue funcionando sem prejuízo e depois de 10 a 15 dias o cliente retorna”, explica ele. Foi assim que ele fez com o cliente Maurício Milano, administrador de empresas e piloto de rali de carros clássicos.

Seu Pálio Adventure 2013 precisava trocar a mangueira do freio. Sem a peça no estoque, o mecânico fez os consertos que conseguiu e trocou as peças que tinha a disposição e liberou o carro para Maurício voltar depois de uns 15 dias. Na segunda-feira ele retornou e fez a troca que precisava. “Isso nunca tinha acontecido ainda bem que o Chico (como também é conhecido Hernani) fez o necessário pra eu não ficar sem o carro, preciso dele no meu dia-dia.” Ainda que não tenha ficado sem o carro Maurício notou o aumento no valor das peças. “Antigamente, pelo mesmo serviço, pagava a metade.”

Mesmo com a estratégia, às vezes não há o que fazer, os carros têm de ficar parado na oficina. Foi o caso de um golfe ano 2003 que veio para a revisão e acabou ficando. “Ele estava com problema na turbina que não tinha a peça pronta entrega, teve de ficar aqui”, explica. O dono da oficina também ressalta que os preços aumentaram. “Tudo ficou mais caro depois da pandemia”.

O dirigente da Federasul explica que houve aumento nos custos da importação e isso trouxe impactos principalmente no valor final. “Um contêiner que custava mil e quinhentos dólares agora está em torno de 10 mil dólares, isso impacta em tudo que depende de insumos importados”. Para Rodrigo Velho a recuperação ainda será longa e poderá vir somente ano que vem. “Se nada acontecer é que a gente estima que a metade de 2023 uma normalização ocorra, mas isso sempre é variável.”

Fonte: Correio do Povo