Forças ucranianas recuperam controle de cidade próxima a Kiev; capital tem toque de recolher
As forças ucranianas recuperaram nesta terça-feira (22) o controle da cidade de Makariv, a 48 quilômetros da capital, Kiev, após dias de combates, informaram através das redes sociais as Forças Armadas da Ucrânia. Makariv havia sofrido danos significativos de ataques aéreos russos nos últimos dias. Enquanto isso, Kiev entra hoje em mais um dia de toque de recolher, já que autoridades esperam por novos ataques dos russos. Acompanhe ao vivo acima a programação da CNN.
A “bandeira do estado da Ucrânia foi hasteada sobre a cidade de Makariv” quando os russos recuaram, informou as Forças Armadas da Ucrânia através das redes sociais. A CNN não pôde confirmar de maneira independente a alegação.
A guerra entre russos e ucranianos está perto de completar um mês – teve início em 24 de fevereiro. Os russos dominaram cidades de regiões separatistas e cercaram a capital. Negociações entre as delegações têm conseguido pouco avanço.
Sobre o toque de recolher, o prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, disse que a medida terá duração até as 7 horas de quarta-feira (23). O horário de Kiev está cinco horas à frente do de Brasília.
“Lojas, farmácias, postos de gasolina, instituições não vão funcionar amanhã [terça-feira]”, disse. “Por isso, peço a todos que fiquem em casa ou em abrigos ao som de um alarme. Somente aqueles com permissão especial poderão circular pela cidade”, acrescentou.
Até segunda-feira (21), 925 civis foram mortos na Ucrânia desde o início da invasão russa, de acordo com uma atualização do Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos.
Destaques das últimas 24 horas
- Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, diz que acordo com a Rússia dependerá da realização de um referendo com a população
- Prefeito de Kiev anuncia novo toque de recolher na capital ucraniana ao longo desta terça
- Ucranianos dizem ter retomado o controle da cidade de Makariv
- Prefeito pede que pessoas fujam de Boryspil, cidade ucraniana perto de aeroporto internacional
- Mais de 3,5 milhões de pessoas já fugiram da Ucrânia, segundo a Agência das Nações Unidas para Refugiados
Eventual acordo com Rússia será submetido a referendo
Após pedir conversas com Vladimir Putin, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse que “qualquer compromisso que for acordado com a Rússia vai demandar um referendo [uma consulta popular]”.
A afirmação foi dada pelo líder ucraniano reiterou nesta segunda-feira (21) em uma empresa de radiodifusão da Ucrânia. “O povo terá que se manifestar e responder a qualquer forma de acordo. E como eles [acordos] serão formulados será assunto de nossas conversas e entendimento entre a Ucrânia e a Rússia“, explicou.
As questões que podem ser levantadas em qualquer referendo poderiam dizer respeito aos territórios ocupados pelas forças russas, incluindo a Crimeia, e as garantias de segurança oferecidas à Ucrânia por outros países em vez da adesão do país à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), disse.
Otan “nunca esteve tão forte e unida”, diz Biden
Após participar de uma reunião com empresários para tratar sobre petróleo e preços dos combustíveis, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, fez um pronunciamento em que comentou sobre a atual situação da guerra na Ucrânia.
Na avaliação do presidente norte-americano, a invasão russa não tomou proporções maiores do que as atuais devido à união dos países ocidentais em torno da Otan. Biden pontuou que conhece Vladimir Putin “muito bem”, e disse que o presidente russo não contava com a unidade da aliança militar.
“Ele [Putin] estava contando que a Otan ficaria separada, ele nunca contou com essa união, e posso garantir que a Otan nunca esteve tão forte e tão unida em toda a sua história, e em grande parte por conta de Putin”, afirmou.
Kiev registra explosões e baterias antiaéreas são acionadas
Várias explosões foram ouvidas na capital da Ucrânia, Kiev, entre o fim de domingo (20) e início desta segunda-feira. A equipe da CNN no local viu canhões antiaéreos disparando no céu noturno por vários minutos. Não está claro no que os ucranianos estavam mirando, mas a reportagem viu um ponto iluminado atravessar o céu sobre a capital, o que poderia ser uma aeronave.
A cidade de Mariupol, que antes da guerra abrigava cerca de 450 mil pessoas, está sob ataque constante das forças russas desde o início de março, com imagens de satélite mostrando destruição significativa em áreas residenciais. Segundo relato à CNN do capitão Svyatoslav Palamar, do Regimento da Guarda Nacional Azov em Mariupol, “bombas estão caindo a cada 10 minutos” na cidade.
Pouco avanço nas negociações
O Kremlin afirmou nesta segunda-feira que as negociações de paz entre Rússia e Ucrânia ainda não renderam um avanço significativo para gerar um encontro entre Vladimir Putin e Volodymyr Zelensky.
Apesar disso, novos corredores humanitários foram acordados entre russos e ucranianos para esta segunda, mas Mariupol ficou de fora da lista, disse a vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Vereshchuk.
Aliados da Ucrânia, países ocidentais reunidos principalmente na Otan ainda tentam entender qual é o real status das negociações entre os países. Líderes dos Estados Unidos, Alemanha, França, Itália e Reino Unido irão conversar virtualmente nesta segunda.
O presidente norte-americano, Joe Biden, informou que viajará à Polônia na próxima sexta-feira (25) para reunião com o líder polonês Andrzej Duda sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia.
Ao menos oito civis morrem em ataque a shopping de Kiev
Pelo menos oito pessoas foram mortas em um ataque russo a um shopping center no distrito de Podilskyi, em Kiev, segundo o procurador-geral ucraniano.
Segundo o Serviço de Emergência do Estado da Ucrânia no final do domingo, 63 bombeiros trabalharam para extinguir as chamas que atingiram o terceiro e quarto andares do prédio.
“Como consequência do ataque de mísseis inimigos e do incêndio resultante, um shopping center foi destruído, as janelas dos prédios residenciais próximos e os veículos estacionados nas proximidades foram danificados”, disse o procurador-geral em um post em seu canal no Telegram.
“Bombas caem a cada dez minutos”, diz oficial em Mariupol
A cidade de Mariupol foi alvo de diversos ataques na madrugada desta segunda-feira, informaram forças ucranianas locais à CNN.
“Bombas estão caindo a cada dez minutos. Navios de guerra da Marinha russa estão bombardeando. Ontem, os soldados desarmaram quatro tanques, [assim como] veículos blindados e tropas. Ainda precisamos de munição, armas antitanque e defesa aérea”, disse o capitão Svyatoslav Palamar, do Regimento da Guarda Nacional Azov, em Mariupol.
Palamar disse que ele e seus companheiros não se renderiam em Mariupol. O prazo emitido pela Rússia para que as autoridades de Mariupol entregassem a cidade passou às 5h de Moscou (23h de domingo, pelo horário de Brasília), com os ucranianos rejeitando o ultimato.
Zelensky diz que Mariupol está sendo “reduzida a cinzas”
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse em um vídeo divulgado na segunda-feira, que a cidade portuária ucraniana de Mariupol está sendo “reduzida a cinzas” por ataques da Rússia, mas acrescentou que a localidade “sobreviverá”.
Zelensky, em seu discurso, pediu novamente aos ucranianos que “façam tudo o que puderem para defender nosso país, para salvar nosso povo”. Desde que a invasão russa da Ucrânia começou no final de fevereiro, “estamos vendo cada vez mais heróis [ucranianos]. Antes ucranianos comuns, agora verdadeiros combatentes”, afirmou.
O líder ucraniano também alegou que os cidadãos comuns na Ucrânia estão “subindo” a ponto de a Rússia “não acreditar que essa é a realidade” e acrescentou: “faremos a Rússia acreditar”. “Lutem, continuem lutando e ajudem”, ele pediu aos ucranianos.
Bombardeio mata 21 pessoas de equipes de resgate, diz Ucrânia
Autoridades ucranianas informam que 21 pessoas de equipes de resgate da Ucrânia foram mortas e 47 ficaram feridas devido a bombardeios de tropas russas.
“De acordo com a Convenção de Genebra, bombardeios ou outras ameaças aos socorristas durante operações de resgate são considerados crimes de guerra. Registramos todos esses casos, e os órgãos competentes farão uma avaliação legal de tais ações e identificarão os responsáveis”, disse o vice chefe do Serviço de Emergência do Estado da Ucrânia, Roman Prymush.
Ele observou que a detenção de socorristas pelas forças russas também é uma violação da Convenção de Genebra. Prymush acrescentou que os atos serão objeto de processos em tribunais internacionais, que já estão em andamento.
Fonte: CNN