Na Argentina, capivaras aparecem em condomínios fechados e viram tema do debate político
Um grupo de cerca de 400 capivaras é objeto de uma polêmica em uma região rica, de condomínios fechados, em cidades ao norte de Buenos Aires, na Argentina.
Os condomínios estão em uma área conhecida como Nordelta, que é banhada pelo rio Paraná antes de desaguar do rio da Prata.
É uma região de pântanos, que sempre teve animais silvestres.
Em 2015, as capivaras começaram a aparecer nos jardins e quintas das casas dos condomínios fechados. Desde então, o número de animais cresceu. Os moradores estimam que hoje o grupo de capivaras tem cerca de 400 indivíduos.
O jornal “La Nación” ouviu um representante de uma associação de moradores que disse que as capivaras agora caminham pelas ruas, comem as plantas dos jardins e enfrentam os bichos de estimação. Os moradores dizem que as fezes das capivaras também viraram um problema e que eles não sabem quais doenças os animais podem transmitir.
Os moradores querem que as capivaras sejam tranquilizadas e levadas a algum outro lugar.
No entanto, os biólogos afirmaram que não se pode levar centenas de capivaras a uma outra região onde já vive uma população estabelecida de capivaras, pois isso pode causar um desequilíbrio importante nessa outra região.
Memes e polarização política
Nas redes sociais, uma parte dos argentinos começou a defender as capivaras e a fazer piadas a respeito de uma “orientação política” dos animais.
Como a região do Nordelta é rica, ela é identificada como antiperonista (o movimento político de seguidores do ex-presidente Juan Domingo Perón, da qual fazem parte a vice-presidente Cristina Kirchner e o presidente Alberto Fernández).
Assim, os peronistas argentinos começaram a fazer piadas dizendo que as capivaras seriam de esquerda.
Juan Grabois, um professor universitário e militante de esquerda da Argentina, fez uma piada em uma rede social em que dizia “com as capivaras, até a vitória sempre, se mexeu com uma mexeu com todas”.
A ministra de Segurança do país, Sabina Frederic, afirmou, em uma entrevista a uma rádio, que a presença das capivaras é uma forma que a natureza encontrou para retribuir. “Todos sabemos que há dano ambiental causado por esses empreendimentos imobiliários e também que os juízes têm dificuldade em interrompê-los (referindo-se aos incorporadores imobiliários)”, disse ela.
“Bem, esse é o preço”, afirmou Frederic. Ela também disse que há uma seca da bacia do rio Paraná, e que os animais estão procurando água.
Houve quem não gostasse das declarações. Em um texto no “La Nación”, o articulista Luciano Román acusou o kirchnerimo de ter se apropriado das capivaras.
Fonte: G1