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Presidente do PT nega que o partido ache “tudo errado” e critica Fernando Haddad por antecipar debate sobre sucessão

A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, respondeu nesta terça-feira (2) às declarações feitas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de que o partido não pode celebrar os resultados na economia ao mesmo tempo que o chama de “austericida” e diz que “está tudo errado”. A dirigente partidária disse que a legenda não acha que “está tudo errado” nas ações do ministro, mas falou que há preocupação com uma “política fiscal contracionista”. A entrevista do ministro foi concedida para o jornal o Globo.

“É um direito do partido e até um dever fazer esses alertas e esse debate, isso não tem nada de oposição ao ministro e nem a ninguém. É da nossa tradição”, declarou a presidente do PT.

Gleisi também criticou o fato de Haddad ter falado que é preciso discutir a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O ministro da Fazendo afirmou que Lula deve ser candidato à reeleição em 2026, mas apontou que é preciso discutir nomes para as eleições seguintes.

“Acho extemporânea a discussão sobre a sucessão do presidente Lula. Nós precisamos fazer com que tudo dê certo porque é isso que vai garantir a sucessão, inclusive a reeleição de Lula na próxima eleição. Temos que entregar resultados ao povo brasileiro, foi para isso que a gente elegeu o presidente Lula e fizemos o enfrentamento que fizemos ao longo desse tempo”, disse Gleisi.

Em entrevista ao Globo, Haddad comentou, sem citar nomes, sobre ter críticos dentro do PT. “Olha, é curioso ver os cards que estão sendo divulgados pelos meus críticos sobre a economia, agora por ocasião do Natal. O meu nome não aparece. O que aparece é assim: ‘A inflação caiu, o emprego subiu. Viva Lula!’ E o Haddad é um austericida. Então, ou está tudo errado ou está tudo certo. Tem uma questão que precisa ser resolvida, que não sou eu que preciso resolver.”

Um documento aprovado pelo Diretório Nacional do PT em dezembro diz que o país precisa se libertar do “austericídio fiscal”. Gleisi disse que a resolução não faz menção a nenhum ministro do governo e que o texto serve para mostrar preocupações com a política fiscal.

“Não é verdade que a nossa resolução diz que está tudo errado e tem que mudar tudo. Não tem uma linha que fale isso, muito pelo contrário. Acho que com tanto empenho em negociações com o Congresso sobre a agenda econômica, o ministro Haddad talvez não tenha tido a ocasião de ler integralmente a resolução do Diretório Nacional do PT, de 8 de dezembro”, declarou.

“É uma resolução que não trata individualmente de nenhum ministro, a gente trata do governo do Lula como um todo, sobre política econômica e social. Destacamos fortemente os indicadores positivos, inclusive da economia, uma economia que o mercado previa que ia crescer 0,9, cresceu três pontos percentuais”, completou.

Por outro lado, a presidente do PT criticou duas medidas defendidas por Haddad. O arcabouço fiscal, que condiciona o crescimento de despesas a um bom resultado fiscal, e a meta de zerar o déficit em 2024. De acordo com ela, isso vai “diminuir o papel do Estado no desenvolvimento da economia”.

“A nossa resolução é positiva para o governo, o que nós criticamos foi a política monetária do Banco Central, dizendo que com uma política monetária contracionista, que vai continuar, os juros estão caindo a conta gotas na nossa visão, a gente não pode ter uma política fiscal contracionista”, disse.

“Nós colocamos preocupação com esse desafio que temos na política fiscal. O arcabouço somado ao déficit zero vai diminuir muito o papel do Estado no desenvolvimento da economia se continuar assim, essa é a nossa preocupação, foi isso que nós falamos. Jamais criticamos e dissemos que está tudo errado”, completou.

Fonte: O Sul