“Síndrome do fim de ano”: como evitar a sobrecarga emocional de dezembro
O fim do ano é conhecido por ser um período de celebrações e renovação, mas também é marcado por sobrecarga emocional e mental para muitas pessoas. A “síndrome do fim de ano”, popularmente chamada de “dezembrite”, ocorre devido à pressão social em cumprir metas, organizar celebrações e se preparar para um novo ciclo. Esses fatores podem desencadear sintomas como cansaço extremo, ansiedade e até mesmo episódios depressivos e burnout.
A psicóloga Elza Ferreira, coordenadora do curso de Psicologia da UNINASSAU Olinda, explica que a “dezembrite” está relacionada à necessidade de fechar ciclos e ao balanço emocional que as pessoas costumam fazer nesse período. “É um momento em que todos revisitam suas metas e projetos, e isso pode gerar frustração caso não tenham alcançado o que planejaram, criando um sentimento de insuficiência”, destaca.
Os sintomas mais comuns da síndrome incluem exaustão física e mental, insônia, descontrole emocional e dificuldade de concentração. “Essa sensação é amplificada pela pressão cultural de que o período festivo deve ser perfeito. Muitas pessoas se sentem na obrigação de atender expectativas irreais, tanto de produtividade quanto de celebração, e isso só aumenta a sensação de esgotamento”, explica.
Síndrome de burnout
As manifestações do peso emocional do encerramento do ano se assemelham às da síndrome de burnout, distúrbio que causa exaustão extrema e esgotamento físico por conta do trabalho. “Entre os principais sintomas estão fadiga constante, dificuldades de concentração, irritabilidade, alterações no sono e sentimentos de ineficácia e desamparo. Consequências mais severas podem incluir depressão, doenças cardiovasculares e afastamento prolongado do trabalho”, destaca a médica psiquiatra Sâmara Becker, da Rede de Saúde da Divina Providência.
Segundo a International Stress Management Association (ISMA-BR), o Brasil é o segundo país com o maior número de pessoas afetadas pelo estresse no trabalho, atrás apenas do Japão. De acordo com dados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), do Ministério da Previdência Social, brasileiros apresentaram um aumento de mais de 1.000% nos registros de trabalhadores afastados pela síndrome na última década. O cenário se agrava no final do ano, período em que a pressão para cumprir metas e finalizar pendências costuma aumentar significativamente.
Como lidar com a “dezembrite”?
Um dos passos mais importantes para não se abalar com a melancolia e ansiedade do fim de ano é adotar uma postura mais compassiva consigo mesmo. Aceitar que nem tudo precisa ser resolvido antes do ano novo é essencial para aliviar a pressão interna.
“Revisitar metas é saudável, mas é importante lembrar que elas não definem seu valor como pessoa. O foco deve ser no aprendizado ao longo do ano, e não apenas nos resultados finais. Além disso, práticas que ajudam a reduzir o estresse, como exercícios físicos, pausas para relaxamento e momentos de desconexão das redes sociais” afirma Elza.
A profissional também enfatiza a importância de estabelecer limites para evitar o acúmulo de responsabilidades. Saber dizer “não” a compromissos que geram mais desgaste do que satisfação é um ato de autocuidado, assim como priorizar atividades que tragam bem-estar e conexão genuína com amigos e familiares.
“Resgatar o verdadeiro sentido das festividades e priorizar aquilo que realmente importa pode transformar o fim de ano em um momento mais leve e significativo”, sugere.
Empresas e trabalhadores também devem adotar medidas preventivas, como gestão adequada do tempo, divisão de tarefas e pausas regulares para se precaver de problemas futuros, recomenda a médica psiquiatra Sâmara.
“Promover um ambiente de trabalho saudável e reconhecer os sinais de esgotamento são passos essenciais para evitar que o burnout comprometa a qualidade de vida dos colaboradores e a produtividade das empresas”, finaliza a profissional.
Fonte: CP