Vai faltar cerveja? Crise na produção de vidro no país pode afetar produção
Depois de um ano com um verão atípico, a estação de 2022 é uma das mais esperadas pelo setor de bares e restaurantes. A clientela mais disposta a sair de casa, somado ao avanço da vacinação contra a Covid-19 em todo o país, trazem esperança de que o setor recupere o movimento dos tempos pré-pandemia.
Há, porém, uma preocupação: a falta de vidro no mercado tem atrasado entregas e encurtado o estoque de long necks nos bares. O mesmo acontece com bebidas de valor mais alto em restaurantes, como o vinho e destilados.
As principais fabricantes de cerveja afastam a possibilidade de desabastecimento em nota ao Porta G1. Mas o temor dos empreendedores do setor é que o movimento mais intenso cause uma escassez mais severa e prejudique o potencial de ganhos.
De acordo com a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), o verão aumenta o faturamento em cerca de 30% nos estabelecimentos de cidades turísticas. Em municípios menores, a quantia chega a dobrar. Nas demais localidades, os empresários costumam ao menos contar com a maior disposição do cliente a sair de casa em dias quentes.
A falta de embalagens em vidro não é assunto novo. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Vidro (Abividro), o país passou por um longo período sem investimentos no ganho de produtividade e infraestrutura do setor, que culminou em escassez em 2020.
A paralisação causada pela pandemia do coronavírus nos mais diversos setores produtivos reduziu o número de pedidos. Quando houve retomada, as encomendas se acumularam com uma safra histórica de vinhos que o país produziu no ano passado.
Na equação há ainda outro fator importante. Sem o bar de confiança aberto, o brasileiro intensificou o consumo de bebidas alcoólicas em casa. Para as cervejarias, em específico, isso significa uma maior procura por long necks e uma redução do consumo de embalagens retornáveis.
A empresa francesa Verallia informou que fará investimento de 60 milhões de euros para dobrar a produção de sua fábrica em Jacutinga, Minas Gerais. A capacidade produtiva passa de 1,2 milhão para 2,5 milhões de garrafas ao dia, nas cores típicas de cerveja: âmbar e verde.
Além disso, outros 80 milhões de euros devem ser destinados pela Verallia a Campo Bom, no Rio Grande do Sul, para abastecer especialmente o mercado de vinhos, espumantes e outros destilados. Das 700 mil garrafas diárias, a expectativa é de salto para 1,3 milhão. Mas ambas devem operar com esses números a partir do segundo semestre de 2023.
Fonte: G1