Governo federal quer diversificar fornecedores de vacinas e criar plataforma para monitorar estoques
O Ministério da Saúde quer diversificar fornecedores de vacinas para evitar falhas no abastecimento de imunizantes no País e pretende criar uma plataforma para monitorar estoques e acompanhar a distribuição de doses em todo território nacional.
As medidas foram anunciadas nesta segunda-feira (25), em uma coletiva de imprensa para prestar esclarecimentos sobre a escassez de vacinas em alguns locais. Onze Estados e o Distrito Federal registravam falta de imunizantes na última semana. De acordo com a pasta, os problemas são pontuais e ocorrem devido a intercorrências de rotina na produção das vacinas.
“Uma ação importante é diversificar os laboratórios fornecedores para termos opções. Essa é uma ação que já está em andamento. Por exemplo, com a varicela (contra catapora), já estamos com três fornecedores, um local e um internacional (o terceiro é a Organização Pan-Americana da Saúde)”, afirmou Eder Gatti, diretor do Departamento do Programa Nacional de Imunizações (PNI).
“A mesma coisa para as vacinas de meningite. Estamos com mais de um fornecedor justamente para diversificar e não deixar o programa refém de um único contrato”, acrescentou.
A ministra Nísia Trindade fez uma fala inicial, mas deixou a coletiva antes de responder às perguntas dos jornalistas para comparecer a uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em seu discurso, ela afirmou que o governo tem a vacinação como “mais absoluta prioridade” e reforçou que assumiu a pasta em um cenário no qual milhões de doses estavam próximas do vencimento, sem controle de estoque.
“O aumento das coberturas vacinais continua como uma realidade. Como tenho afirmado, não se pode falar de desabastecimento de vacina no Brasil, uma prova disso é que nesse sábado ocorreu um Dia D em vários municípios. Seria impossível um dia D de vacinação com desabastecimento de vacinas”, disse.
Nísia afirmou que “há questões pontuais” envolvendo algumas vacinas e que para cada uma delas a pasta tem encontrado soluções.
Segundo as secretarias estaduais, as vacinas com estoques escassos até o último dia 18 eram: covid-19, varicela (catapora), tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola), tetraviral (sarampo, caxumba, rubéola e catapora), febre amarela, DTP (tétano, difteria e coqueluche), dTpa (versão acelular da vacina contra tétano, difteria e coqueluche), HPV (que protege as meninas contra o câncer do colo do útero e os meninos contra o câncer de pênis), meningocócica ACWY (contra os tipos A, C, W e Y de meningite), hepatite A, hepatite B e raiva.
Monitoramento
Segundo o secretário-executivo da pasta, Swedenberger Barbosa, está em construção no ministério uma ferramenta para auxiliar na gestão de estoques e compras de vacinas, insumos e medicamentos. A medida, que ainda não tem data de lançamento, ajudaria os entes a tomarem decisões com maior rapidez no âmbito da gestão no Sistema Único de Saúde (SUS).
“(Atualmente) São sistemas defasados, que não se comunicam e são incompletos. Portanto, são situações que colocam para o gestor uma dificuldade muito grande de agir”, disse o secretário.
“Essa plataforma vai garantir interoperabilidade dos sistemas, atualiza os sistemas, vai ter um conjunto de informações colocadas à disposição da União, dos Estados e municípios simultaneamente”, acrescentou Barbosa. Para ele, a ferramenta evitará qualquer embate entre as esferas federal, estadual e municipal, já que os dados serão expostos publicamente.
Em setembro, um estudo da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) mostrou que 64,7% das 2.415 cidades pesquisadas relatavam falta de vacinas. Na época, o ministério emitiu uma nota técnica apontando problemas com fornecedores.
Fonte: O Sul