O que aconteceu na Ucrânia durante Segunda Guerra Mundial e na União Soviética?
A invasão da Rússia ao país vizinho, Ucrânia, é o maior ataque militar convencional visto desde a Segunda Guerra Mundial, disse em 24 de fevereiro um funcionário do alto escalão da defesa que descreveu as observações dos Estados Unidos sobre o desenvolvimento do conflito.
“Não vimos um movimento convencional como esse, de Estado-nação para Estado-nação, desde a Segunda Guerra Mundial, certamente nada desse tamanho, em escopo e escala”, disse o funcionário a repórteres. “E se acontecer da maneira que, até agora, acreditamos que acontecerá, tem todo o potencial para ser muito sangrento, caro e impactante na segurança europeia em geral, talvez por muito, muito tempo”.
“Este é um ataque à democracia, não é apenas um ataque à Ucrânia. Isso viola completamente todos os princípios que governam o mundo desde o fim da Segunda Guerra Mundial”, diz Paul Kolbe, ex-agente sênior da CIA.
O que aconteceu com a Ucrânia durante a Segunda Guerra Mundial e por que os últimos anos da era soviética fazem parte do que os analistas chamam de nostalgia de Putin?
Ucrânia na Segunda Guerra Mundial
Após a Revolução Russa de 1917 e final da Primeira Guerra Mundial, a Ucrânia foi brevemente uma nação independente, e em 1920 tornou-se parte da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), a União Soviética.
Em 1941, durante a Segunda Guerra Mundial, a Alemanha invadiu a Ucrânia. Mais de seis milhões de ucranianos, a grande maioria deles civis, morreram na guerra.
Em 1944, a União Soviética recuperou o controle da Ucrânia sob o comando de Joseph Stalin e expandiu suas fronteiras para incluir territórios tomados da Romênia, Polônia e antiga Tchecoslováquia (atual República Tcheca).
O atual presidente Volodymyr Zelensky é judeu e seus parentes morreram no Holocausto. Em 1991, o parlamento ucraniano declarou a independência, e um referendo realizado em 1º de dezembro daquele ano ratificou a separação.
A nostalgia soviética de Putin
O presidente russo, Vladimir Putin, considera ucranianos e russos “um só povo”, e apontou que a borda ocidental da atual Ucrânia foi incorporada à União Soviética pelo falecido ditador Joseph Stalin.
No início de sua presidência, Putin, ex-coronel da inteligência soviética da KGB, disse à sua nação: “O fim da União Soviética foi a maior catástrofe geopolítica do século”.
A Ucrânia foi a república soviética que Putin especialmente lamentou perder. Putin construiu uma justificativa para a guerra em curso na Ucrânia no ano passado, quando publicou um ensaio histórico de 5 mil palavras, essencialmente argumentando que os ucranianos e os russos eram uma única nação. A Ucrânia independente, em sua opinião, era uma “divisão artificial” de dois povos e, portanto, não um Estado real.
Segundo a autora Susan Glasser, a Ucrânia é a joia da coroa que foi perdida. “A Ucrânia é um país irmão. Ele escreveu um ensaio inteiro […] essencialmente girando em torno de uma espécie de conto pseudo-histórico sobre por que a Ucrânia não deve ser separada da mãe Rússia”.
Nesse ensaio escrito durante o verão passado no hemisfério norte, Putin disse que russos e ucranianos são “um povo […] um todo único”. Especialistas dizem que Putin sempre sustentou que os países ao redor da Rússia deveriam ser pró-Rússia, e vê um governo ucraniano pró-ocidental como uma ameaça a esse ideal.
Antes da invasão, Putin fez um discurso sobre a história da União Soviética, dizendo que a Ucrânia moderna “foi inteiramente criada pela Rússia comunista”.
Para Putin, o território da Ucrânia “está sendo usado por países terceiros para criar ameaças contra a própria Federação Russa”, disse.
As sirenes de ataque aéreo soaram na Ucrânia na última quinta-feira (24) pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial, depois que a Rússia anunciou uma “operação militar especial” ao território vizinho após meses de tensões em antecipação a uma invasão.
Após a invasão, o presidente dos EUA, Joe Biden, disse que Vladimir Putin está isolado do resto do mundo e que quer reviver a antiga União Soviética.
“Ele tem ambições muito maiores do que a Ucrânia. Ele quer, de fato, restabelecer a antiga União Soviética. É disso que se trata. E acho que suas ambições são completamente contrárias a lugar em que o resto do mundo chegou”.
(*Com informações de Nathan Hodge, Tara John, Jeremy Herb, Barbara Starr, Ellie Kaufman e Germán Padinger, da CNN)